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Portabilidade do saldo devedor do cartão de crédito: entenda como funciona

A portabilidade do saldo devedor do cartão de crédito pode ser uma valiosa alternativa para quem busca melhores condições de pagamento e pretende fugir dos altos juros associados a essa modalidade. Pois você sabia que, desde o dia 1º de julho de 2024, essa passou a ser uma nova opção para consumidores que se enrolaram com os juros do cartão?

A portabilidade gratuita da dívida do cartão de crédito surgiu com uma nova resolução o Banco Central que, aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no final de 2023, limitou os juros do cartão a 100% do valor original da dívida. O objetivo central das medidas é evitar o endividamento no cartão de crédito rotativo, cujos juros estão entre os mais altos do mercado. Atualmente, a taxa de juros do rotativo está em torno de 13%, 14% ao mês, que equivalem a mais de 400% ao ano.

A resolução do Banco Central também determinou mais transparência no descritivo das faturas. Elas devem trazer, em uma área de destaque, informações essenciais, tais como valor total da fatura, data de vencimento, período a que se refere e o limite total de crédito. Em outra área devem ser informadas opções de pagamento.

Confira no artigo de hoje como funciona a portabilidade da dívida do cartão de crédito e quais vantagens oferecidas por essa operação.

O que é portabilidade de saldo devedor de cartão de crédito?

A portabilidade de saldo devedor de cartão de crédito é o processo de transferência do saldo devedor de um cartão de crédito de uma instituição financeira para outra, com o objetivo de obter melhores condições de pagamento. Ou seja, o consumidor que entrou no crédito rotativo passa a ter a oportunidade de buscar outras formas de saldar tal dívida, que ofereçam juros menores e prazos mais flexíveis.

Essa transferência pode resultar em uma redução significativa dos encargos financeiros, ajudando o consumidor a economizar e a gerenciar melhor suas finanças.

Como funcionam os juros rotativos?

O rotativo é um tipo de financiamento oferecido ao usuário do cartão de crédito quando ele não faz o pagamento total da fatura no vencimento. Ele funciona como um empréstimo com a finalidade específica de garantir que você pague a fatura e, assim, evite ter seu nome incluído nos órgãos de proteção ao crédito.

Uma prática muito usual é o pagamento do valor mínimo da fatura, caso em que a taxa do rotativo é aplicada sobre o total não pago. É como se a diferença entre o total da fatura e o valor pago no vencimento se transformasse em um empréstimo, sujeito a juros, no valor da parte que não foi paga.

O problema é que os juros do crédito rotativo estão entre os mais altos do mercado. Para se ter uma ideia, a taxa de juros do rotativo chegou a 409,3% ao ano ao fim de 2022, o nível mais alto da série estatística do Banco Central, desde que começou a ser medida em 2012.

As taxas de juros do rotativo do cartão de crédito estão entre as mais altas do mercado. Há bancos que cobram mais de 19% ao mês, taxa que resulta em mais de 700% ao ano, de acordo com dados do Banco Central de junho deste ano.

Passo a passo para a transferência de dívida do cartão de crédito

Levantamento de informações sobre sua dívida: o primeiro passo é entrar em contato com a sua instituição financeira, ou a de seu cartão de crédito, presencialmente ou pelos seus canais de atendimento, para conferir o valor atualizado da sua dívida, as parcelas e a taxa de juros.

Pesquisa e comparação: com essas informações em mãos, procure por outras instituições financeiras ou bancos e peça uma simulação de pagamento da dívida.

– Unificação: a nova proposta deve unificar as dívidas antigas em uma única nova dívida, oferecendo uma taxa de juros mais baixa ou um prazo de pagamento mais longo;

Solicitação: Após avaliar prazos e condições, escolha a proposta que melhor se adapte às suas possiblidades. Solicite então a portabilidade, apresentando toda a documentação necessária.

Contraproposta: de posse da nova proposta, você pode checar se o banco credor da dívida original quer fazer uma contraproposta. Caso ele queira, a contraproposta deve ter o mesmo prazo oferecido pelo outro banco, para facilitar a comparação entre as alternativas.

Análise e aprovação: a nova instituição financeira analisará o pedido e, se aprovado, quitará o saldo devedor com a instituição original.

Transferência de saldo: o saldo devedor será transferido para a nova instituição, com as novas condições de pagamento acordadas.

Uma observação importante: a operação de portabilidade de crédito é gratuita.

7 benefícios da portabilidade da dívida do cartão de crédito

Para quem está enrolado com o cartão de crédito, a portabilidade da dívida pode oferecer uma série de vantagens. Confira algumas delas:

1. Redução da taxa de juros

A principal vantagem da portabilidade da dívida do cartão de crédito, claro, é a redução das taxas de juros. Ao transferir sua dívida para outra instituição financeira que ofereça condições mais vantajosas, você pode conseguir uma significativa diminuição na taxa de juros aplicada à sua dívida. Isso resulta em uma menor quantia a ser paga ao longo do tempo, proporcionando uma economia substancial.

2. Melhores condições de pagamento

Além da redução das taxas de juros, a portabilidade permite ao consumidor renegociar também as condições de pagamento da dívida. Isso pode incluir a extensão do prazo de pagamento, o que pode diminuir o valor das parcelas mensais, tornando-as mais compatíveis com o orçamento familiar. Em alguns casos, pode-se optar por encurtar o prazo de pagamento se o objetivo for quitar a dívida mais rapidamente.

3. Economia a longo prazo

Com a redução das taxas de juros e a possibilidade de negociar melhores condições de pagamento, a operação de portabilidade da sua dívida pode resultar em uma economia significativa no longo prazo. Pense que, ao pagar menos juros, uma parte maior do seu pagamento mensal será direcionada ao principal da dívida.

4. Flexibilidade financeira

A portabilidade oferece maior flexibilidade financeira para o consumidor. Ao renegociar os termos de quitação, você pode ajustá-los às suas necessidades e capacidade de pagamento. Isso é especialmente útil em momentos de mudanças financeiras, como a perda de um emprego ou uma redução na renda familiar.

5. Melhoria da saúde financeira

Ao permitir melhores condições de pagamento e reduzir o valor total da dívida, a portabilidade de crédito contribui para uma vida financeira mais saudável. Com parcelas mais baixas e menores encargos financeiros, é possível equilibrar melhor o orçamento, evitar o endividamento excessivo e até mesmo poupar dinheiro.

6. Poder de negociação

A opção de portabilidade oferece ao consumidor um maior poder de negociação com a instituição financeira detentora da dívida. Ao ser informada do interesse pela portabilidade, essa instituição poderá fazer uma contraproposta com melhores condições, para assim conservar o cliente.

7. Concorrência saudável

A possibilidade de portabilidade de crédito estimula a concorrência saudável entre as instituições financeiras. Para atrair e reter clientes, os bancos e financeiras são incentivados a oferecer taxas de juros mais competitivas e condições de pagamento mais favoráveis.

Quais os requisitos para pedir a portabilidade de saldo?

Para solicitar a portabilidade de saldo devedor, é necessário atender a alguns requisitos básicos, que podem variar ligeiramente entre as instituições financeiras. Os requisitos mais comuns incluem:

– Saldo devedor existente: O consumidor deve ter um saldo devedor ativo em um cartão de crédito.

– Adimplência: É necessário estar em dia com o pagamento das parcelas mínimas do cartão de crédito. Caso haja atraso ou inadimplência, pode ser mais difícil fazer a portabilidade.

– Documentação: É preciso apresentar documentos básicos, como:

  1. Documento de identidade com foto (RG ou CNH)
  2. CPF
  3. Comprovante de residência
  4. Comprovante de renda
  5. Fatura atualizada do cartão de crédito com o saldo devedor detalhado

– Avaliação de crédito: algumas instituições podem fazer uma análise de crédito para conferir a capacidade de pagamento do consumidor antes de aprovar a portabilidade.

Pontos de atenção ao optar pela portabilidade

Instituições participantes: Nem todas as instituições financeiras participam da portabilidade de saldo devedor. É preciso conferir se a instituição para a qual você pretende transferir a dívida oferece essa possibilidade.

Termos de pagamento: A nova instituição financeira pode oferecer diferentes termos de pagamento, como prazos mais longos ou mais curtos e diferentes taxas de juros. É fundamental comparar essas condições para escolher a mais vantajosa.

Custos e taxas: Embora a portabilidade de saldo devedor seja gratuita, algumas instituições podem cobrar tarifas administrativas ou outros custos associados ao processo. Confira e avalie se for o caso.

Prazos: O processo de portabilidade pode levar alguns dias para ser concluído. Em geral, a transferência do saldo devedor deve ser efetivada em 5 a 10 dias úteis após a aprovação da solicitação.

Transparência nas Informações: As instituições financeiras são obrigadas a fornecer informações claras e detalhadas sobre as condições da portabilidade, incluindo taxas de juros, prazos e eventual custo adicional que possa estar envolvido. Essa transparência é fundamental para que o consumidor possa tomar uma decisão informada.

Manutenção do limite de crédito: Após a portabilidade, o limite de crédito do cartão na instituição original pode ser ajustado ou cancelado. Verifique como ficará o limite de crédito com a nova instituição financeira.

Quais as diferenças entre portabilidade e renegociação?

A portabilidade de crédito e a renegociação direta com o banco emissor são as principais formas de obter melhores condições para o pagamento da dívida. Embora ambas as opções possam trazer benefícios significativos, é importante entender as diferenças entre elas para saber qual pode ser mais vantajosa para a sua situação.

Como vimos, a portabilidade de crédito permite ao consumidor transferir uma dívida de uma instituição financeira para outra que ofereça melhores condições, como taxas de juros mais baixas ou prazos de pagamento mais flexíveis. Além do saldo devedor do cartão de crédito, esse processo pode ser aplicado a diversos tipos de crédito, incluindo empréstimos pessoais e financiamentos imobiliários.

Já na renegociação de dívida, o consumidor negocia diretamente com a instituição financeira emissora do crédito para obter melhores condições de pagamento, que também podem incluir a redução dos juros, a extensão do prazo de pagamento ou a alteração do valor das parcelas.

Uma das principais vantagens de renegociar diretamente com o banco emissor está na praticidade do processo. A operação tende a ser mais rápida e menos burocrática. Além disso, a renegociação pode ajudar a manter um bom relacionamento com o banco, que pode ser benéfico para futuras transações financeiras.

Em contrapartida, o poder de negociação tende a ser menor. Afinal, o banco credor original pode não oferecer condições tão vantajosas quanto outra instituição financeira que esteja em busca de atrair novos clientes.

Como evitar o endividamento excessivo no cartão de crédito

Embora seja uma ferramenta financeira muito conveniente, o cartão de crédito costuma se tornar uma armadilha perigosa quando não é usado de forma responsável e consciente. Evitar o endividamento excessivo no cartão requer disciplina, planejamento e controle financeiro.

Confira a seguir algumas dicas básicas que podem fazer a diferença na hora de usar (ou não) o seu cartão.

– Conheça sua situação financeira e planeje seus gastos: antes de usar o cartão de crédito, é fundamental ter um entendimento claro sobre suas receitas e despesas. Isso ajudará a evitar gastos impulsivos e desnecessários.

– Pratique o consumo consciente: um dos maiores riscos do cartão de crédito é a facilidade para fazer compras impulsivas. Antes de fazer uma compra, pergunte-se se ela é realmente necessária e se está dentro do seu orçamento.

– Defina limites pessoais: além do limite imposto pela instituição financeira, defina um limite pessoal de gastos com o cartão de crédito. Isso ajudará a manter suas despesas sob controle e evitará surpresas desagradáveis na fatura.

– Evite o pagamento mínimo: pagar apenas o valor mínimo da fatura é uma das principais causas do endividamento excessivo. Os juros cobrados sobre o saldo devedor podem ser extremamente altos.

– Antecipe pagamentos: se possível, faça pagamentos antecipados da fatura. Isso ajuda a reduzir o saldo devedor e os juros acumulados.

– Monitore suas transações: muitas instituições financeiras oferecem aplicativos e ferramentas online para ajudar no controle de gastos. Use esses recursos para acompanhar suas despesas e manter seu orçamento em dia.

– Evite múltiplos cartões: ter vários cartões de crédito pode aumentar o risco de endividamento excessivo. Tente limitar o número de cartões e usá-los de forma responsável.

– Cuidado com os parcelamentos: compras parceladas podem parecer atraentes, mas acumulam dívidas a longo prazo. Avalie se realmente vale a pena parcelar uma compra e, sempre que possível, prefira pagar à vista com desconto.