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Organização financeira em 4 passos

Suprir necessidades cotidianas imediatas e ao mesmo tempo preparar o terreno para atingir objetivos e metas pessoais de médio e longo prazo, e viver lá na frente a vida que sempre almejamos. Essa parece ser a equação básica de uma vida financeira equilibrada e, por mais simples que possa soar quando posta desta maneira, certamente representa um desafio e tanto para boa parte dos brasileiros.

A verdade é que nem sempre encontramos uma maneira leve de equilibrar os pratinhos de nossos desejos, necessidades e obrigações, e o que para alguns parece fácil, para outros pode se tornar um verdadeiro bicho de sete cabeças.

Afinal, organizar a vida financeira pessoal é uma tarefa que exige muito mais do que conhecimentos teóricos sobre finanças e não está necessariamente atrelada a uma renda alta, mas a um aprendizado cotidiano sobre equilibrar receitas e despesas e distinguir desejos impulsivos e imediatos de prioridades reais, além das realizações que vislumbramos para nossa vida lá na frente.

Depende muito mais de estarmos prontos para adotar um novo comportamento em relação ao dinheiro, mais maduro, consciente e responsável, além aplicarmos esforço e disciplina para manter a situação sob controle mesmo quando as condições externas parecerem estar desandando de vez.

Em nossa maioria não fomos ensinados a ter uma relação saudável com as finanças. Por isso, nossa escola acaba sendo a vida e os erros que cometemos ao longo dela. Se você está com a sensação de que já deveria ter começado esse movimento há muito tempo, ou se acha que é ainda não é o momento para se preocupar com isso, lembre-se: nunca é tarde (ou cedo) demais para começar.

Assim como dormir, comer ou escovar os dentes, organização financeira precisa ser um hábito inserido ao nosso dia a dia desde sempre. Ou seja, ela depende de criarmos uma rotina, incorporando algumas ações sistemáticas e recorrentes ao nosso cotidiano (à nossa própria maneira e conforme nossas possibilidades).

Acompanhe a seguir quatro passos essenciais para que você comece agora a organizar a sua vida financeira de forma objetiva, incorporando hábitos mentais e ações práticas ao seu dia a dia.

Passo 1: Monte seu orçamento pessoal

Por mais que você saiba de cabeça todas as entradas e saídas do seu orçamento, documentar os dados de maneira prática e intuitiva ajuda a enxergar, por exemplo, quando uma conta não fecha.

Esse é um passo básico, que você não tem como evitar. E por mais penoso que possa parecer, especialmente para quem tem mais dificuldade com disciplina e organização, pode até se tornar uma tarefa divertida, se você encontrar o seu próprio jeito de executá-la.

Para montar seu orçamento, é importante ter em mente que você vai precisar registrar todas as suas entradas e saídas. É um erro acreditar que no final do mês vai conseguir se lembrar de

cada saque ou pagamento à vista que você fez. Vale planilha em Excel, aplicativo ou até papel de pão: o importante é não deixar passar nada, nem mesmo os gastos considerados “inofensivos”. Aqueles que parecem não pesar no bolso, sabe? Pois é, por incrível que pareça, esses podem ser os maiores inimigos dos nosso orçamento, principalmente quando ignorados no dia a dia.

Passo 2: Estabeleça objetivos claros, reais e alcançáveis

Use a lógica emocional a seu favor nomeando seus objetivos: quando damos nome aos nossos sonhos, visualizamos com clareza o que queremos atingir, aumentamos nossa motivação e fica muito mais fácil manter a disciplina necessária para alcançá-los.

De uma viagem à compra de um imóvel, esse objetivo pode ser, até mesmo, o de quitar todos os débitos. O importante é ter clareza sobre cada um deles, além, é claro, de definir prazo e o valor necessário para concretizá-los.

Um erro comum nesse ponto é definir objetivos que não condizem com nossa realidade de momento, além de estarem desalinhados dos nossos hábitos. Portanto, identifique seu momento e suas possibilidades e estabeleça prioridades. Com base nesse mapeamento, estipule os objetivos financeiros principais a serem alcançados.

Em seguida, responda algumas perguntas básicas, como “Quais as ações básicas necessárias?”, “Em quanto tempo poderei concretizá-las?” e “quanto terei de economizar por mês?”.

Passo 3: Controle as despesas do dia a dia

Se você já mapeou todas as suas entradas e saídas em uma planilha, certamente identificou muitos gastos cotidianos que podem ser cortados desde já. Comece pelos mais supérfluos e pouco a pouco elimine o que não for essencial para você.

Para fazer isso, estabeleça metas diárias de economia e crie o hábito de anotar tudo que você gastou. No fim do dia faça as contas, veja se conseguiu atingir a meta. Em caso negativo, questione-se sobre a real necessidade de cada despesa feita.

No dia seguinte, quando estiver diante de uma decisão de compra, lembre-se daquele “itenzinho” desnecessário do dia anterior. Isso irá ajudá-lo a evitar muitas das suas compras por impulso.

Outro recurso que pode ajudar: estabeleça metas financeiras de curto prazo, como uma viagem que você deseja fazer no próximo feriado. Então, estipule um valor ou a proporção exata da sua renda que pretende economizar para esse objetivo. Assim, sempre que você estiver indeciso sobre alguma compra, é só lembrar que cada real economizado pode ir para o seu “cofrinho-viagem”. Com certeza isso vai te motivar a segurar a onda em muitos gastos do dia a dia.

Passo 4: Negocie suas dívidas

Parte importante da sua organização financeira é ter um bom plano de quitação de dívidas, que vai facilitar muito seu planejamento. Faça um levantamento de todos os seus débitos em atraso e procure os credores para negociar, sempre buscando acordos que contemplem descontos ou pagamentos facilitados.

Com as contas já organizadas e um orçamento montado, seja proativo e participe da negociação levando uma proposta que caiba no seu orçamento (lembrando que o ideal é comprometer no máximo 20% dele com dívidas).

Dica extra: Reserve dias ou horas do dia para a organização das finanças

Fazer muitas coisas ao mesmo tempo é menos produtivo do que se concentrar em uma por vez. Ou seja, mais vale dedicar cinco minutos por dia para organizar as finanças do que tentar encaixar essa organização entre as atividades do dia.

Portanto, procure definir dias ou momentos específicos do seu dia para dedicar atenção exclusiva à organização das suas finanças. Sem manutenção, a tendência é que toda a sua organização vá aos poucos por água abaixo.

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