Blog

Novo mínimo, novas contas

Entenda o cálculo e os impactos do reajuste do salário mínimo para 2024

Os primeiros dias deste próximo março já poderão mostrar os efeitos do reajuste do salário-mínimo, de R$ 1.320,00 para R$ 1.412,00 – ou 6,97%, valor que ganha significado quando comparado ao aumento de 3,85% no aumento de preços no mesmo período medido pelo INPC, o Indice Nacional de Preços ao Consumidor.

De fato, o reajuste do salário-mínimo de 2024, que passou a vigorar desde o primeiro dia de janeiro, representa não apenas uma mudança nominal, mas também um reflexo das dinâmicas econômicas do país, na tentativa de refazer o poder de compra das famílias. Confira a seguir alguns impactos e perspectivas desse reajuste.

Quais os possíveis impactos do aumento do salário-mínimo acima da inflação?

O aumento do mínimo acima da inflação – tentativa de preservar o poder de compra dos trabalhadores – pode ter impacto nas estruturas de custos das empresas, influir em suas decisões de contratações e nos reajustes de salários acima do mínimo. Mas pode, também, aquecer a economia em setores ligados ao consumo interno, como é sua intenção.

Servidores federais, com salários atrelados ao mínimo, terão reajustes na mesma proporção. O mesmo deve ocorrer com funcionários estaduais e municipais, mesmo entre aqueles com regimes salariais diferenciados.

Também devem acompanhar o padrão de reajustes os benefícios e contribuições para o INSS. As microempresas individuais (as MEIS) pagarão de R$ 71,60 a R$ 76,60; as MEIs caminhoneiro recolherão de R$ 169,40 a R$ 175,44. Segurados autônomos ou facultativos recolherão de R$ 155,32 a 282,40.

O piso de referência para o seguro-desemprego deverá ser fixado com base nos três últimos salários e não poderá ficar abaixo do mínimo (R$ 1.412,00)

Como o salário mínimo é calculado?

O reajuste do salário-mínimo é sempre um tema de grande interesse e impacto para a economia do país. O cálculo do salário mínimo no Brasil é um processo que busca equilibrar a necessidade de proteção ao poder de compra dos trabalhadores com o desempenho econômico do país.

Inflação, a base de cálculo

No Brasil, o principal fator considerado no cálculo do salário mínimo é a inflação.

De acordo com a lei, o salário-mínimo é reajustado pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), indicador criado para medir o impacto do aumento dos preços na vida de quem recebe até cinco salários-mínimos. Ou seja, ele mede a inflação para as famílias mais pobres, apontando como está o poder de compra desta parcela da população diante das variações nos preços de produtos e serviços de um mês para o outro. O INPC costuma se usado não apenas para definir o mínimo, mas também para reajustar salários e corrigir valores de aposentadoria.

O objetivo é garantir que o poder de compra dos trabalhadores seja mantido ao longo do tempo. Para isso, os governos geralmente ajustam o salário mínimo com base na inflação acumulada durante um determinado período, frequentemente o ano anterior. Isso significa que, se os preços dos bens e serviços aumentam, o salário mínimo também deve aumentar para que os trabalhadores possam continuar comprando a mesma quantidade de produtos e serviços.

Crescimento econômico: o incremento real

Além da correção inflacionária, a fórmula de cálculo do salário mínimo no Brasil também considera o crescimento econômico, especificamente o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes do ano de reajuste. Isso significa que, para o salário mínimo de um determinado ano, leva-se em conta o crescimento econômico registrado nos dois anos anteriores. A ideia por trás dessa metodologia é compartilhar os frutos do crescimento econômico com os trabalhadores, permitindo que o salário mínimo tenha um aumento real, além da simples correção inflacionária.

Política de valorização do salário mínimo

A política de valorização do salário mínimo adotada no país nos últimos anos teve como objetivo não apenas proteger o poder de compra dos trabalhadores frente à inflação, mas também assegurar que eles participem dos ganhos de produtividade da economia. Isso se traduz em uma melhoria da qualidade de vida para a população mais vulnerável, além de servir como um instrumento de estímulo à economia, uma vez que o aumento do poder de compra das famílias pode impulsionar o consumo interno.

Apesar dos avanços trazidos pela política de valorização do salário mínimo, o cálculo de seu valor continua sendo um tema de debate no Brasil. São frequentes as discussões sobre a sustentabilidade fiscal da política de reajustes, assim como a necessidade de considerar outros fatores, como a produtividade do trabalho. O impacto do salário-mínimo sobre a competitividade das empresas e a geração de empregos também é um ponto de atenção.