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Grau de Endividamento: aprenda a calcular

Os dados que refletem o número de famílias com alto grau de endividamento ou inadimplentes no Brasil, em todos os levantamentos realizados nos últimos meses, não negam: a busca por uma vida financeira mais saudável e equilibrada tem sido um grande desafio para boa parte da população.

De acordo com pesquisa divulgada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), já chega a quase 70 milhões o número de brasileiros inscritos em cadastros negativos de crédito. Desse universo, 20% estão com mais de 50% de sua renda mensal comprometida com o pagamento de dívidas.

A dificuldade que muitos de nós enfrentamos para desenvolver disciplina e organização com nossas finanças pessoais está quase sempre relacionada a uma causa principal: falta de conhecimento e consciência sobre nossa própria realidade. Para garantir o equilíbrio das contas e o planejamento financeiro necessários para sair das dívidas é preciso, antes de mais nada, olhar de frente para nossa situação e saber mapeá-la de forma realista e objetiva. Ou seja, acompanhar indicativos que nem sempre estão óbvios no nosso orçamento. Como, por exemplo, o nosso grau de endividamento.

Continue a leitura e entenda a importância de conhecer alguns conceitos básicos sobre grau de endividamento. E, principalmente, saber como calcular o seu.

O que é grau de endividamento?

O grau de endividamento é especialmente importante quando queremos entender o nível de comprometimento de nossas finanças. Isso quer dizer que um patrimônio valioso ou uma entrada alta, por si só, não dizem muito sobre nossa situação financeira, a menos que sejam avaliados em relação aos nossos gastos e, principalmente, em relação às nossas dívidas a pagar.

Na prática, o grau de endividamento reflete nossas obrigações financeiras pendentes, sejam elas quais forem, e nos permite ter uma dimensão mais clara de quão comprometidos estão nosso orçamento e nosso patrimônio, diante dos débitos assumidos.

Antes de avançarmos nesse tema, porém, é importante saber diferenciar dois conceitos básicos que costumam causar muita confusão entre eles: inadimplência e endividamento. Embora possam parecer a mesma coisa, endividamento não significa inadimplência. Isso quer dizer que é possível estarmos em dia com nossas obrigações financeiras, mas ainda assim com muitas dívidas a pagar de curto, médio ou longo prazo.

Fazendo essa distinção, entenderemos que, ao contrário da inadimplência (caracterizada quando há descumprimento de um compromisso financeiro), o endividamento nem sempre é sinal de uma condição financeira instável ou desequilibrada. Embora o endividamento costume ser encarado como o grande vilão do orçamento familiar, a verdade é que algumas dívidas podem até resultar em um ganho lá na frente, compensando os gastos com os juros a elas associados.

Ou seja, se usados de forma inteligente e planejada, cuidando para que não comprometam demais o orçamento, os recursos provenientes de um empréstimo, de um parcelamento ou de um financiamento, por exemplo, podem até ser aliados da boa gestão das finanças pessoais, ao diluir as saídas de caixa, na expectativa de novas entradas ou de algum tipo de economia no futuro.

grau de endividamento

Como calcular

Para calcular seu grau de endividamento, basta somar o valor total das suas dívidas e dividi-lo pelo total dos seus recursos disponíveis, ou seja, do dinheiro que você tem em caixa ou investido, e multiplicar por 100. Por exemplo, imagine que você tem 50 mil em caixa + 50 mil investidos e que suas dívidas totais, incluindo cartão de crédito, empréstimos e financiamentos, somam 70 mil. Aplicando a fórmula:

Total de dívidas (70.000) / total de ativos (100.000) x 100 = 70

Neste caso, portanto, o seu grau de endividamento seria de 70%. Isso quer dizer que, se fosse necessário quitar todas as suas dívidas, você precisaria usar 70% dos seus recursos disponíveis.

Outra perspectiva possível para avaliar seu grau de endividamento é levar em conta suas dívidas mensais em relação à sua renda mensal. Neste caso, porém, é importante saber diferenciar dívidas de despesas. Despesas referem-se aos seus gastos fixos, incorporados ao seu orçamento de forma permanente. É o caso do aluguel, das compras de supermercado e das contas de água, luz, internet e celular. As dívidas, por sua vez, são obrigações assumidas temporariamente, como um empréstimo ou um financiamento.

Para calcular o seu grau de endividamento sob esse prisma, imagine que mensalmente você tenha um total de R$ 4 mil reais em dívidas, incluindo a parcela do cartão de crédito, do financiamento e prestações de empréstimos, e que seu rendimento mensal seja de 6 mil. Neste caso, a aplicação da fórmula seria a seguinte:

Total de dívidas (R$ 4.000) / total de ganhos (R$ 10.000) x 100 = 40

Ou seja, seu grau de endividamento é de 40%, o que significa que quase a metade da sua renda está comprometida com dívidas.

Como avaliar

Embora não exista um número de ouro para determinar o grau e endividamento ideal ou aceitável, alguns parâmetros podem ser usados como referência e podem ajudar a ter uma ideia de sua situação atual:

  • Até 30% = dívidas administráveis e dentro do aceitável
  • De 30% a 35% = ligue o sinal de alerta e procure reduzir esse índice para um patamar abaixo de 30%
  • De 35% a 40% = reveja seu orçamento e mude hábitos para não correr o risco de ficar inadimplente ou excessivamente endividado
  • Acima de 40% = representa um endividamento grave, que ameaça comprometer toda sua saúde financeira

Vantagens de saber qual o seu grau de endividamento

Bom, a essa altura você já deve fazer uma ideia de quanto saber o seu grau de endividamento pode te ajudar na missão de estabelecer metas e organizar suas finanças pessoais. Além de trazer consciência sobre seus gastos e hábitos financeiros, conhecer esse índice te permitirá mapear a composição de seus custos e despesas e compreender como eles contribuem para o seu endividamento, de forma que você possa traçar estratégias mais inteligentes e que garantam mais equilíbrio ao seu orçamento.

O cálculo desse indicador também pode te ajudar a organizar melhor suas finanças e avaliar a evolução do seu planejamento financeiro, oferecendo uma base concreta para que você estabeleça metas mensuráveis, incluindo a redução do seu grau de endividamento.

Além disso, o conhecimento sobre o grau de comprometimento do seu patrimônio ou da sua renda com dívidas pode ser um termômetro para a tomada de decisões financeiras importantes.

E aí, que tal calcular agora mesmo seu grau de endividamento e começar a usar esse indicador como um aliado do seu orçamento pessoal e do seu planejamento financeiro?

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