Elas moldam nossas relações interpessoais, influenciam a forma como vemos o mundo e acabam por determinar as experiências que vivemos. Já parou para pensar que praticamente todas as nossas ações e decisões na vida são uma resposta às nossas emoções?
Estudos recentes divulgados pela Universidade da Califórnia são categóricos em afirmar: nenhum de nós está livre da influência dos fatores emocionais na hora de praticar uma ação. Raiva, alegria, tédio, tristeza, medo, ansiedade, euforia. Cada estado mental influência de alguma forma o modo como reagimos às situações. Isso vale também para as nossas decisões financeiras. Quem nunca se viu comprando algo de que não precisava de fato, apenas para aliviar uma ansiedade momentânea, que atire a primeira pedra.
Neste post separamos alguns gatilhos emocionais que costumam impactar diretamente o nosso bolso, ao tentarem nos convencer de que aquele produto ou serviço é tudo o que sempre quisemos ou de que mais precisamos na vida. Confira a seguir!
O que são gatilhos emocionais?
Gatilhos emocionais são acontecimentos do dia a dia que disparam, determinados tipos de emoção, comportamento, memória ou trauma de nosso inconsciente.
Você já deve ter visto um “AVISO DE GATILHO” em algumas publicações na internet. Eles estão lá justamente para alertar de que o conteúdo daquele post tem potencial para despertar ondas emocionais negativas nas pessoas.
Frequentemente associados a experiências negativas, os gatilhos emocionais são situações que nos fazem reviver sentimentos de dor ou descontentamento e tomar atitudes automáticas motivadas por esses estímulos. Essas situações geram uma descarga emocional imediata e repentina, que nos leva a ações impulsivas e a padrões de comportamento irracionais. Muitas vezes, ouvir uma música ou sentir um cheiro específico já é o suficiente para desencadear esse processo.
Já quando falamos em “gatilhos financeiros”, estamos nos referindo aos gatilhos emocionais que nos levam a atitudes impulsivas em relação às finanças. Ou seja, que nos fazem tomar decisões impensadas e irracionais, influenciados por fatores emocionais como ansiedade, medo, raiva, euforia ou tristeza.
E verdade seja dita: a grande maioria de nossas decisões de consumo são de alguma forma afetadas por essas emoções. Já ouviu falar em economia comportamental? É uma área da ciência que se dedica a estudar justamente esse fenômeno.
O problema é que essas decisões tomadas pelo “calor do momento” acabam desconsiderando um fator essencial para nossa saúde financeira: o planejamento. Elas nos levam não apenas a gastar mais do que deveríamos, como também a investir sem ter conhecimento suficiente e a contrair dívidas desnecessárias, apenas para satisfazer um desejo impulsivo ou trazer alívio para uma insatisfação momentânea.
Exemplos de gatilhos emocionais que nos fazem gastar mais do que deveríamos
Tristeza
Quem nunca fez uma compra impulsiva, simplesmente para aliviar um sentimento de frustração ou de desânimo? Por um lado, a tristeza pode nos paralisar, tornando-se um obstáculo para decisões sensatas. Ao mesmo tempo, muitos de nós tendemos a usar o prazer imediato do consumo como forma de compensar insatisfações.
A tristeza e a solidão podem nos levar a comprar para preencher um vazio emocional. Comprar algo novo pode temporariamente levantar nosso ânimo, mas esse efeito costuma ser efêmero.
O gatilho da tristeza é sem dúvida um dos grandes responsáveis pelas compras que saem fora do nosso planejamento e comprometem todo o nosso orçamento. É importante reconhecer a necessidade de enfrentar emoções negativas de maneira saudável, sem recorrer a compras impulsivas.
Raiva
A raiva quase sempre vem acompanhada de ações e decisões desastrosas. Levados por ela, podemos pôr a perder um esforço financeiro de anos por causa de uma reação momentânea, que vai passar alguns minutos depois.
Medo
Medo de perder, medo de se sentir excluído, de não ser aceito, de não estar protegido, medo da escassez, medo do futuro. São muitos os medos que podem nos levar a decisões irracionais em relação às finanças.
A propaganda costuma recorrer a esse gatilho ao fazer apelos como “aproveite, últimas unidades”, “garanta já o seu” ou “vagas limitadas”. Chamadas como essas podem desencadear em nós o medo de ficar para trás, de perder uma grande oportunidade, despertando assim um impulso de urgência em consumir.
Stress
O stress afeta negativamente todas as nossas relações, e com o dinheiro não é diferente. Às vezes usamos as compras para aliviar a carga emocional que nos pressiona e nos impede de ter clareza para organizar nossas finanças.
Compras impulsivas podem parecer uma solução momentânea para aliviar a tensão, mas podem resultar em dívidas e mais stress a longo prazo.
Ansiedade
Outra sensação que mexe com nosso bolso. O estilo de vida acelerado imposto pela sociedade em que vivemos nos leva a querer tudo “pra ontem”. Movidos pela ansiedade, podemos tomar decisões de compra atropeladas e impulsivas.
Alegria
Quando o intuito é proteger as finanças, é preciso ter cautela até com emoções aparentemente positivas. Afinal, quem nunca se deixou levar pelo calor de um momento de entusiasmo e se empolgou além da conta na hora de passar o cartão?
Tédio
O tédio é outro gatilho para compras impulsivas. Quando estamos entediados, comprar algo novo pode parecer uma maneira de quebrar a monotonia. E essa reação pode nos levar a compras desnecessárias e ao desperdício de recursos.
Comparações sociais
A pressão das mídias sociais e a comparação com os outros podem nos levar a gastar além das nossas possibilidades. Ver amigos ou influenciadores consumindo pode nos fazer sentir que precisamos comprar os mesmos produtos para sermos felizes ou bem-sucedidos.
Como lidar com os gatilhos emocionais?
Reconhecer esses gatilhos emocionais é o primeiro passo para evitá-los. Confira a seguir algumas estratégias que podem ser úteis para lidar com eles:
Autoconsciência
Esteja ciente de suas emoções e de como elas podem afetar seus hábitos de consumo.
Estabeleça limites
Defina um orçamento e mantenha-se fiel a ele, mesmo quando exposto a gatilhos emocionais.
Encontre alternativas saudáveis
Procure maneiras saudáveis de lidar com o stress, o tédio ou tristeza, como a prática de exercícios, meditação ou mesmo conversas com amigos.
Questione-se antes de comprar
Sabe aquelas perguntinhas básicas? Quero? Mereço? Preciso? Posso? Devo? Pois é. Elas devem vir à sua mente toda vez que você estiver diante de uma decisão de compra. Use-as para orientar suas emoções, especialmente quando elas estão te empurrando para compras impulsivas e más decisões. E o mais importante: a ordem é só comprar quando a resposta for “sim” para todas elas.
Normalmente nós já conhecemos nossos próprios gatilhos e conforme vamos treinando esses questionamentos vai ficando mais fácil reconhecer se de fato precisamos de algo e ou se estamos nos enganando para satisfazer um impulso momentâneo.
Cheque suas motivações
Antes de tomar uma decisão de compra, certifique-se de que ela não esteja sendo somente um refúgio em um momento de instabilidade emocional. “Trabalhei demais”, “Estou de TPM”, “É sábado, hoje pode, vai…”. Cuidado com esses argumentos: nessas horas, tudo pode ser desculpa para nos convencer de que merecemos um “pequeno mimo”, que no dia seguinte pode se transformar em um grande arrependimento.
Redes sociais conscientes
Lembre-se de que as mídias sociais podem mostrar apenas a parte “positiva” da vida das pessoas. Não compare sua vida ou suas condições financeiras com as de outras pessoas.
Compartilhe com alguém
Falar sobre seus sentimentos e impulsos de compra com alguém de confiança pode ajudar a reduzir o impacto dos gatilhos emocionais.
Lidar com gatilhos emocionais que levam a gastos excessivos requer conscientização, autoconhecimento e disciplina. Ao compreender por que compramos impulsivamente e como agir para controlar esses impulsos, seremos capazes de tomar decisões financeiras mais inteligentes e saudáveis.
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