Já parou para pensar quanto os juros impactam seu orçamento? Presentes em praticamente todos os tipos de transação financeira, de empréstimos a financiamentos, de investimentos a compras parceladas do dia a dia, os juros estão entre os mais temidos obstáculos para quem busca sair do endividamento e pôr as finanças em ordem.
Seja por meio da renegociação direta com credores ou da portabilidade de crédito, reduzir os juros das suas dívidas pode fazer uma diferença significativa no valor total a ser pago e no tempo necessário para quitá-las. Por isso, compreender esse processo e como ele influencia sua dívida é essencial para tomar decisões acertadas e evitar armadilhas que possam comprometer o seu equilíbrio financeiro.
Continue a leitura para entender melhor como funcionam os juros e de que forma é possível reduzir as taxas de juros associadas às suas dívidas de maneira estratégica e eficaz.
Como funcionam os juros?
O conceito de juros é um dos mais fundamentais e ao mesmo tempo um dos mais complexos do mundo financeiro. Presente em todos (ou quase todos) os tipos de transação financeira, de empréstimos a financiamentos, investimentos e nas compras parceladas que fazemos no dia a dia, a dinâmica dos juros deve ser muito bem compreendida, principalmente por quem está considerando renovar ou renegociar uma dívida.
Em termos simples, os juros são a remuneração pelo uso do dinheiro. Quando contratamos um empréstimo, por exemplo, estamos tomando dinheiro emprestado de alguém ou de uma instituição financeira. Essa quantia, ao ser transferida para nós, tem um custo para o outro lado. É para compensar esse custo que entram os juros, definidos como um percentual a ser cobrado sobre o valor emprestado ou sobre o saldo devedor.
Ou seja, podemos entender os juros como uma espécie de valor cobrado pelo “aluguel” do capital por um determinado período. A taxa percentual funciona como uma espécie de compensação a ser paga pelo tomador do dinheiro, que passa a deter o direito de consumir, investir aquela quantia ou pagar outras dívidas com ela.
Já a pessoa ou instituição que concede o empréstimo recebe os juros como um valor compensatório por estar impossibilitada de usar aqueles recursos por determinado tempo. Além, é claro, de ter assumido o chamado “risco de crédito”, ou seja, o risco de não ser paga.
Como os juros afetam a sua dívida?
Como vimos, em qualquer operação de empréstimo ou financiamento, temos duas figuras centrais envolvidas na dinâmica dos juros: o credor (aquele que detém os recursos e os empresta a outra pessoa ou entidade) e o tomador do empréstimo, que passa a ser o devedor (aquele que toma os recursos emprestados e passa a ter a obrigação de reembolsar o valor tomado acrescido dos juros).
Por estarem expostos a riscos ao emprestar dinheiro, os credores contam com a capacidade do devedor de devolver o valor emprestado no prazo contratado. Para mitigar os riscos de que isso não ocorra, eles se munem de análises sobre a situação financeira, histórico de pagamentos e outros fatores relevantes para avaliar a capacidade de pagamento do devedor.
É importante destacar que o valor dos juros é diretamente relacionado ao prazo pelo qual o dinheiro será emprestado e à taxa de juros aplicada. Quanto mais longo o prazo e mais alta a taxa, maior será o valor dos juros.
A taxa de juros é determinada por diversos fatores, incluindo as políticas monetárias do país, a inflação e o risco de crédito associado ao empréstimo.
Você pode saber mais sobre o que são juros e como funcionam no artigo Beabá dos juros: entenda como eles funcionam.
Como os juros são aplicados a uma dívida?
Os juros são um componente das dívidas que pode influenciar significativamente o valor total a ser pago. Para entender como os juros são aplicados, primeiro é preciso saber distinguir os juros simples dos juros compostos.
A diferença básica é a seguinte: os juros simples são calculados apenas sobre o valor inicial do empréstimo ou investimento. Já os juros compostos incidem sobre o valor inicial acrescido dos juros acumulados ao longo do tempo do empréstimo. Os juros compostos são mais comuns e tendem a ser mais vantajosos para quem empresta e mais onerosos para quem toma empréstimos.
Portanto:
Juros simples: são calculados apenas sobre o valor principal da dívida. A fórmula para o cálculo é:
Juros = Principal x Taxa de juros x Tempo
Juros compostos: são calculados sobre o valor principal e sobre os juros acumulados. A fórmula para cálculo é:
Montante = Principal x (1+Taxa de Juros)^Tempo
Em resumo, os juros simples são calculados apenas sobre o valor inicial, enquanto os juros compostos são calculados sobre o valor inicial acrescido dos juros acumulados. É por isso que, no caso de juros compostos, costuma-se falar em “juros sobre juros”.
No caso de empréstimos pessoais e financiamentos, os juros são geralmente aplicados mensalmente. Cada parcela paga inclui uma parte do principal e uma parte dos juros.
Nos cartões de crédito, por sua vez, os juros são aplicados ao saldo devedor não pago na data de vencimento. As taxas de juros dos cartões de crédito tendem a ser mais altas e podem aumentar rapidamente a dívida.
De modo similar, nas linhas de crédito os juros são aplicados ao saldo devedor e calculados diariamente com base na taxa de juros anual dividida pelos dias do ano.
Já nos financiamentos imobiliários e de veículos, os juros são geralmente compostos e aplicados ao saldo devedor restante. As parcelas mensais são compostas por uma parte de juros e uma parte de amortização do principal.
8 estratégias para reduzir os juros de uma dívida
1. Renegociação direta com o credor
Esta opção pode ser vantajosa em vários aspectos. Ela consiste em entrar em contato com o credor da dívida para discutir a possibilidade de descontos e de redução da taxa de juros.
Ao fazer isso, procure explicar sua situação financeira e suas condições de pagamento no momento e então negocie melhores condições de pagamento. Apresente propostas de pagamento que sejam viáveis para você e que possam ser aceitas pelo credor. Na maior parte das vezes, os credores estão dispostos a negociar para evitar a inadimplência.
2. Transferência de saldo
Considere transferir o saldo devedor de um cartão de crédito com juros altos para um cartão que ofereça uma taxa de juros mais baixa ou uma promoção de juro zero por um período introdutório. Avalie antes as taxas de transferência de saldo para ter certeza de que a economia nos juros compensará esses custos.
3. Portabilidade de crédito
A portabilidade de crédito possibilita a transferência de uma dívida em uma instituição financeira para outra que ofereça condições mais vantajosas, como taxas de juros mais baixas ou prazos de pagamento mais flexíveis. Esse procedimento pode ser aplicado a diversos tipos de crédito, incluindo empréstimos pessoais, financiamentos imobiliários e saldos devedores de cartões de crédito. (Veja mais no artigo Portabilidade de Crédito: como trocar sua dívida por uma mais barata)
4. Consolidação de dívidas
Um empréstimo pessoal com uma taxa de juros mais baixa pode ser a solução para pagar dívidas com juros altos. Isso pode simplificar seus pagamentos e reduzir o custo total dos juros. Considere uma linha de crédito que ofereça uma taxa de juros mais baixa do que as suas dívidas atuais.
Mesmo para quem está com o nome negativado existem formas de conseguir empréstimo. Por exemplo, com garantia de imóvel ou de veículo que estejam em nome do interessado. Ou o empréstimo consignado – com parcelas descontadas diretamente na folha de pagamento. E, ainda, o empréstimo com garantia do FGTS que o interessado tenha depositado em seu nome.
5. Refinanciamento de empréstimos
Se você tem um empréstimo com juros altos, considere refinanciá-lo para obter uma taxa de juros mais baixa. Isso é comum em empréstimos imobiliários e de veículos. Ao refinanciar, você pode renegociar os termos do pagamento, o que pode resultar em menores parcelas mensais e menos juros ao longo do tempo.
6. Pagamentos antecipados
Sempre que possível, faça pagamentos extras das parcelas da sua dívida. Isso reduz o valor principal mais rapidamente e, consequentemente, reduz o montante de juros que você pagará no total. Certifique-se de que os pagamentos extras sejam aplicados diretamente no saldo principal da dívida.
7. Uso do FGTS
Embora o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) não possa ser usado para quitar dívidas comuns, como cartão de crédito e empréstimos pessoais, existe a possibilidade de usá-lo em situações específicas, em gerais relacionadas ao financiamento de casa própria.
No caso de dívidas com bancos, é possível fazer a retirada de valores do FGTS antecipando o saque por meio de uma modalidade específica que permite ao trabalhador retirar uma parte do saldo do FGTS anualmente, no mês de seu aniversário (Saque-Aniversário). A vantagem é que esse recurso pode ser aplicado conforme a necessidade do trabalhador, incluindo a quitação de dívidas bancárias. Saiba mais sobre o Saque-Aniversário no artigo Saque-aniversário: usar ou não?
Portanto, se você tem saldo no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, considere utilizá-lo para amortizar dívidas, especialmente as que têm juros altos, lembrando de conferir antes as regras e condições para uso do FGTS em pagamentos de dívidas.
8. Programas de renegociação
Participe de feirões e ações especiais de renegociação de dívidas organizadas por instituições financeiras e órgãos de defesa do consumidor. Esses eventos frequentemente oferecem condições especiais e taxas de juros reduzidas. Além disso, fique atento a programas governamentais que ofereçam incentivos para renegociação de dívidas, como foi o caso do Desenrola Brasil.