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Como evitar novas dívidas após renegociar as antigas

Depois de passar por todo o sufoco causado pelo endividamento excessivo – noites de insônia, baixo astral durante o dia, queda da autoestima e medo de ficar com o nome sujo, para citar só alguns perrengues – eis que você finalmente conseguiu quitar ou renegociar suas dívidas mais pesadas. Parabéns. Agora, como bom gato escaldado, cabe a você se cercar de todas as cautelas para não cair novamente nessa situação.

O endividamento, você sabe, revela a condição de uma pessoa ter dívidas acumuladas em relação à sua capacidade de pagamento e indica que a renda dessa pessoa, seja física ou jurídica, está comprometida por determinado período. É o grau de endividamento que vai determinar se a situação financeira dela está sob controle ou se as dívidas se tornaram um entrave para sua saúde financeira.

Isso geralmente ocorre quando as dívidas são contraídas de forma descontrolada ou quando um imprevisto afeta a renda da pessoa ou aumenta suas despesas, dificultando o cumprimento dos compromissos financeiros.

É uma condição preocupante que, além de gerar muita tensão, pode levar a escolhas financeiras difíceis, como decidir entre pagar dívidas ou cobrir despesas essenciais. Além disso, pode afetar negativamente o crédito da pessoa, limitando sua capacidade de obter novos empréstimos ou financiamentos.

Já a inadimplência, resultado do endividamento excessivo, fica caracterizada quando há o descumprimento de um compromisso financeiro dentro do prazo estabelecido. A inadimplência revela que a pessoa não está conseguindo gerir suas finanças de modo a honrar seus compromissos.

Sair do ciclo de endividamento é um grande alívio, mas para garantir que você não volte a enfrentar problemas financeiros é essencial adotar uma abordagem consciente e disciplinada em relação ao dinheiro.

Confira, na sequência, algumas práticas para garantir que você não caia novamente nesse ciclo e passe a cultivar hábitos que favoreçam uma vida financeira saudável e sustentável.

Organize suas finanças

Manter uma boa organização financeira é o primeiro passo para evitar endividamento e atrasos no pagamento. Para isso, é preciso ter uma visão clara de suas finanças, uma espécie de raio-x ou mapeamento detalhado do seu orçamento como um todo.

Faça uma lista de todas as suas fontes de renda e despesas mensais. Saber exatamente quanto entra e quanto sai vai ajudá-lo a identificar áreas onde você pode economizar e evitar gastos desnecessários.

Em seguida, é hora de montar o seu orçamento mensal. Ele é uma ferramenta indispensável para o controle financeiro, ajudando você a estabelecer limites para suas despesas e planejar o pagamento de contas e investimentos. Lembre-se de que a chave para um orçamento eficaz é ser realista ao alocar os recursos, deixando sempre uma margem para imprevistos.

Pague suas dívidas com prioridade

Se ainda restam dívidas, priorize o pagamento delas, começando pelas que embutem maiores juros. Isso evitará que elas cresçam e comprometam seu planejamento financeiro.

Faça um mapeamento detalhado das suas dívidas. Isso pode parecer assustador no início, mas é essencial para ter uma visão clara da sua situação e começar a tomar as rédeas do seu dinheiro.

Pegue um papel e uma caneta, ou abre uma planilha no computador e anote todas as suas dívidas, sem exceção. Daquela conta de luz atrasada ao financiamento do seu carro, contemple todas as suas contas, incluindo empréstimos pessoais, cartões de crédito, cheque especial, mensalidades escolares em atraso, e até aquele dinheiro que você pegou emprestado com um amigo.

A ideia é ter uma visão completa da sua situação financeira. Não tenha medo de encarar os números. Lembre-se: conhecer suas dívidas é o primeiro passo para se livrar delas.

Com todas as informações em mãos, é hora de organizar suas dívidas por prioridade de pagamento. Aqui vai uma dica valiosa: usar a estratégia da “bola de neve”, em que você começa a quitar as dívidas menores, criando um efeito de motivação para seguir com as maiores. Uma alternativa é o método “avalanche”, que consiste em priorizar aqueles débitos maiores e com juros mais altos.

Escolha o método que funciona melhor para você e sua situação, lembrando que o objetivo principal deve ser criar um plano de pagamento que caiba no seu bolso. Afinal, não adianta assumir um compromisso que você não vai conseguir cumprir, seja agora ou no futuro. Se possível, tente negociar o pagamento à vista para conseguir descontos maiores.

E não se esqueça: enquanto estiver organizando suas dívidas, evite usar o cheque especial ou fazer novas compras no cartão de crédito, para não complicar ainda mais a sua situação.

Estabeleça metas financeiras

Ter objetivos financeiros claros, como comprar um imóvel, fazer uma viagem ou economizar para a aposentadoria, vai ajudar você a manter o foco e a motivação para economizar. Essas metas também são fundamentais para evitar compras por impulso e garantir que você use seu dinheiro de maneira estratégica.

É importante estabelecer metas claras e realistas. Pense no que você quer alcançar financeiramente no curto prazo (até um ano) e no longo prazo (mais de cinco anos). Por exemplo, uma meta de curto prazo pode ser criar um fundo de emergência, enquanto uma de longo prazo pode ser planejar sua aposentadoria.

Ao definir suas metas, use o método SMART: elas devem ser Específicas, Mensuráveis, Alcançáveis, Relevantes e Temporais. Isso vai ajudar você a ter objetivos mais claros e atingíveis. Por exemplo, em vez de dizer “quero economizar dinheiro”, defina: “vou economizar R$ 200,00 por mês nos próximos 6 meses para criar um fundo de emergência de R$ 1.200,00”.

Lembre-se de priorizar suas metas com base na urgência e importância, focando primeiro naquelas que impactam diretamente na sua situação financeira atual.

A importância da reserva de emergência para evitar novas dívidas

Talvez você ainda não tenha se dado conta da importância de ter uma reserva de emergência. Afinal, estamos acostumamos a só pensar nos imprevistos depois que eles acontecem.

Mas pense que uma das principais causas de endividamento é a falta de dinheiro para cobrir emergências. Uma reserva financeira funciona como uma rede de segurança, protegendo você diante de imprevistos, como gastos médicos, consertos urgentes ou perda de renda. Quando esses imprevistos acontecem, quem não tem uma reserva acaba recorrendo ao crédito, o que pode gerar juros altos e mais dívidas.

A dica é juntar de três a seis meses do valor das suas despesas mensais e manter esse dinheiro em uma aplicação de fácil acesso. Dessa forma, você estará mais preparado para lidar com imprevistos sem comprometer seu orçamento.

Constituir uma reserva de emergência exige organização e disciplina, além de uma boa dose de controle sobre nossos hábitos e impulsos de consumo. Mas é a partir dela que começamos a lidar com nossos ganhos de forma realista e pragmática, nos mantendo longe das dívidas e garantindo saúde mental, segurança e tranquilidade para irmos atrás dos nossos sonhos e objetivos financeiros.

Use o cartão de crédito com moderação

Saber usar o dinheiro de forma consciente e sustentável é fator chave para uma vida financeira saudável. E isso vale não apenas para os recursos disponíveis na conta, mas principalmente para aqueles que precisarão ser repostos por meio de uma linha de crédito, seja ela qual for.

O crédito pode ser uma ferramenta útil quando usado com sabedoria, mas também pode se tornar uma armadilha se não for bem administrado.  Muito acionado para cobrir gastos cotidianos, o velho cartão de crédito, por exemplo,  pode acabar se tornando o grande responsável por complicar de vez nossa vida financeira se usado de forma desmedida ou descontrolada. 

Justamente por oferecer facilidade e comodidade nas compras do dia a dia, o cartão de crédito acabou se tornando um dos grandes responsáveis pelo endividamento do brasileiro. Para não cair nesta armadilha, tenha em mente que o cartão não deve ser usado como uma extensão da sua renda.  Além de evitar compras impulsivas, o bom uso do cartão está atrelado ao pagamento integral da fatura na data de vencimento, evitando assim uma bola de neve de juros, que são muito altos, podendo chegar a 15% ao mês.

Compras necessárias e supérfluas: aprenda a identificar

Usar o dinheiro com sabedoria significa fazer escolhas de consumo conscientes.

Para evitar novas dívidas e manter o equilíbrio das finanças, mais do que saber como juntar dinheiro, é preciso rever a forma como gastamos o nosso dinheiro. Educação financeira vai muito além de aprender a economizar. É fundamental aprender a distinguir os gastos necessários daqueles que podem ser evitados.

Gastos essenciais são todos aqueles fundamentais para a manutenção de nossa rotina de vida. Como exemplo, podemos citar os gastos com moradia, como aluguel, parcelas de um financiamento ou o condomínio do imóvel onde você mora.

Já os gastos supérfluos são aqueles que podem ser cortados sempre que houver redução no orçamento. Aparentemente inofensivos, eles podem ser responsáveis por verdadeiros rombos no seu orçamento.

Depois de ter mapeado suas entradas e saídas em uma planilha, identifique todos as despesas que podem ser cortadas, começando pelas mais supérfluas. A ideia é, pouco a pouco, ir eliminando tudo aquilo que não for essencial para você. 

Destine renda extra, como o 13º salário, para eliminar dívidas

Para quem tem dívidas, receber uma renda extra pode ser uma valiosa oportunidade para sair do endividamento e reorganizar a vida financeira. Entradas como 13º salário ou um bônus de fim de ano podem ser usadas de maneira estratégica para eliminar aqueles perigosos débitos em aberto, especialmente os do cartão de crédito ou do cheque especial, que embutem juros altos.

Além disso, é comum as empresas credoras oferecerem descontos significativos para quitação antecipada de dívidas, ou pagamento à vista. Com a renda extra, você pode aproveitar essas ofertas para pagar bem menos para quitar seu débito.

Corte gastos e reveja seus hábitos de consumo

Lembre-se de que o controle dos gastos passa necessariamente por uma revisão de seus hábitos de consumo, a fim de adequá-los à sua realidade e aos seus objetivos.

O hábito de gastar sem questionar a real necessidade do que estamos comprando, sem procurar alternativas menos caras, sem pensar em durabilidade e custo-benefício, acaba por criar rombos de origem invisível em nossa conta bancária.

Antes de sair às compras, tenha sempre uma lista do que você realmente precisa. Isso evita que você se deixe seduzir por ofertas e produtos que parecem atrativos, mas não são essenciais.

Avalie suas despesas e identifique quais gastos podem ser cortados. Essa é uma medida importante para combater o desperdício e desenvolver hábitos de consumo mais conscientes e racionais. Assim, você não apenas garante que não vai se enrolar com mais uma dívida, como também abre caminho para uma maneira mais saudável e sustentável de se relacionar com o dinheiro.