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Finanças para casais: a importância da organização e do planejamento a dois

Dinheiro tem sido um tema difícil no seu relacionamento afetivo? Saiba que não está sozinho. Afinal, os famosos versos de Tim Maia, “quando a gente ama não pensa em dinheiro só se quer amar” funcionam bem na música, mas sabemos que a realidade não é bem assim.

Por menos estimulante e divertido que seja, o cuidado com as finanças é uma tarefa necessária desde cedo para qualquer casal, e negligenciá-la pode ter um impacto negativo em todos os outros aspectos da relação.

Você sabia que a principal causa de discussão entre casais está relacionada aos gastos e hábitos de consumo e falta de organização financeira do parceiro ou parceira? Uma pesquisa realizada pela Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada, revelou que um em cada quatro homens faz compras escondido da parceira ou parceiro. Entre as mulheres, uma em cada cinco faz a mesma coisa.

Por isso, resolvemos aproveitar a chegada do mês mais romântico do ano para tratar desse assunto central na vida de um casal: dinheiro a dois. Afinal, será que é possível organizar as finanças e falar sobre dinheiro com transparência, sem gerar DR intermináveis que acabam por fazer a relação desandar?

Como falar sobre dinheiro a dois

A decisão por dividir a vida com alguém deve passar por uma conversa aberta e franca sobre finanças, que envolva questões como divisão de dinheiro, planejamento e objetivos de vida (e financeiros) comuns. Afinal de contas, por mais amor que haja entre um casal, é fato que um casamento, ou qualquer outra relação amorosa, é também uma parceria, onde ambos irão contribuir com recursos (sejam materiais ou não) e usufruir deles.

Embora ainda seja considerado um tabu, falar sobre dinheiro é um hábito que deve ser cultivado desde o início de uma relação afetiva. Para a economista Dirlene Silva, ainda que não tenhamos esse aprendizado na escola e raras sejam as famílias que desenvolvem familiaridade com o assunto, o dinheiro é parte do dia a dia e deve ser tratado com naturalidade. Segundo ela, o maior motivo de divórcio no Brasil está relacionado exatamente ao dinheiro, porque gera também muitas brigas. Famílias disputam heranças e crimes são cometidos em nome do dinheiro e, mesmo assim, segundo Dirlene, as pessoas não falam a respeito.

“Quando há intenção de iniciar uma vida juntos, é importante lembrar que o dinheiro será compartilhado também! Por isso é essencial uma conversa sobre o rendimento e as despesas de cada um. A partir dessa conversa o casal poderá definir as despesas que passarão a ser compartilhadas, como aluguel ou o financiamento de um imóvel, alimentação, contas de consumo etc. Minha dica é estabelecer um percentual da renda de cada um para cobri-las. Além das despesas, é importantíssimo ter um fundo para emergências e ter planos em conjunto. Então aí já está uma motivação para um planejamento financeiro do casal”, orienta Dirlene.

Como fazer a divisão das finanças

São muitos os modelos de divisão de contas possíveis, e o mais importante é que cada casal descubra qual deles se adapta melhor à sua realidade. Em todos os casos, porém, uma coisa é certa: é importante que esse modelo seja discutido e definido em conjunto.

O que, segundo a pesquisa da Onze, ainda não é a realidade da maioria dos casais: apenas 38% dos entrevistados afirmaram ter um controle financeiro conjunto, enquanto 8% disseram manter tanto um planejamento de casal quanto um individual. Em contrapartida, 24% afirmaram não ter nenhum controle financeiro e 16% disseram que apenas um dos parceiros fazia essa organização.

Por mais que possa ser adaptada a cada realidade, o mais importante é que o casal defina em conjunto como essa dinâmica irá funcionar, contemplando inclusive situações em há diferença salarial. É possível, por exemplo, que haja uma divisão proporcional à renda de cada um. Ou, ainda, que se reúna o total dos rendimentos, lidando com ele como uma entidade única. Tudo vai depender desse acordo feito entre o casal, que faça sentido para cada um e que deixe ambos confortáveis na relação.

Confira a seguir algumas estratégias eficazes para ajudar casais a gerenciar suas finanças de forma justa e eficiente.

Comunicação aberta

O primeiro passo para uma divisão justa das finanças é a comunicação aberta. Ambos os parceiros devem estar dispostos a discutir suas finanças de maneira honesta e transparente. Isso inclui compartilhar informações sobre renda, dívidas, despesas pessoais e objetivos financeiros. A confiança e a compreensão mútua são essenciais para evitar mal-entendidos e conflitos.

Avaliação da situação financeira

Antes de decidir como dividir as contas, é importante avaliar a situação financeira de cada parceiro. Isso envolve entender quanto cada um ganha, quais são suas despesas fixas e variáveis, e quais são suas metas financeiras individuais e em conjunto. Com essas informações, fica mais fácil criar um plano de divisão de despesas que seja justo para ambos.

Orçamento compartilhado

Um orçamento é uma ferramenta essencial para gerenciar as finanças de forma eficaz. Siga estes passos para criar um orçamento compartilhado:

1) Listar todas as fontes de renda: Inclua salários, bônus, rendimentos de investimentos etc.

2) Listar todas as despesas: Divida as despesas em fixas (aluguel, contas de serviços etc.) e variáveis (alimentação, entretenimento etc.).

3) Definir categorias de despesas: Agrupe as despesas em categorias para facilitar o acompanhamento.

4) Distribuir os recursos: Alocar a renda disponível para cobrir todas as despesas e definir quanto será economizado ou investido.

Método para divisão de contas

Existem várias maneiras de dividir as contas entre um casal. A melhor opção dependerá das circunstâncias e preferências e tendências individuais. Aqui estão algumas abordagens comuns:

Divisão 50/50

Este método envolve dividir todas as despesas igualmente entre os parceiros. É uma abordagem simples e direta, ideal para casais com rendas semelhantes. No entanto, pode não ser a melhor opção se houver uma disparidade significativa nos ganhos.

Divisão proporcional à renda

Neste método, as despesas são divididas proporcionalmente, com base na renda de cada parceiro. Por exemplo, se um parceiro ganha 60% da renda total do casal, ele seria responsável por 60% das despesas. Esta abordagem é considerada mais justa quando há diferenças significativas nas rendas.

Contas separadas, despesas compartilhadas

Alguns casais preferem manter contas bancárias separadas e dividir apenas as despesas compartilhadas, como aluguel, contas de serviços públicos e mantimentos. Cada parceiro contribui com uma quantia acordada para cobrir essas despesas, mantendo o restante de sua renda para uso pessoal.

Fundo comum

Outra opção é criar um fundo comum onde ambos os parceiros contribuem com uma parte de sua renda. Este fundo é usado para cobrir todas as despesas do casal, e qualquer dinheiro restante pode ser economizado ou usado para metas comuns. Este método promove a sensação de parceria e responsabilidade compartilhada.

Metas financeiras conjuntas

Estabelecer metas financeiras conjuntas, como comprar uma casa, viajar ou economizar para a aposentadoria, pode ajudar a alinhar os objetivos financeiros do casal. Trabalhar em direção a esses objetivos juntos pode fortalecer a parceria e fornecer motivação adicional para uma gestão financeira eficaz.

Revisão regular

As circunstâncias financeiras podem mudar ao longo do tempo, então é importante revisar regularmente como as finanças estão sendo gerenciadas. Revisões periódicas permitem que o casal ajuste suas estratégias conforme necessário e garantam que ambos estejam satisfeitos com a divisão das despesas.

Conta conjunta: vantagens e desvantagens

Quando se fala em organização das fianças a dois, uma opção que costuma vir à mente é a de abrir uma conta conjunta. Embora ofereça praticidade e uma série de facilidades em termos de organização e controle de gastos, a modalidade também tem pontos negativos que devem ser

postos na balança. 

Segundo uma pesquisa feita pela CNDL/SPC Brasil com o Banco Central, apenas um quarto da população adere à conta conjunta para unir todo o rendimento da família. Se essa for a sua escolha, o primeiro passo é analisar qual a sua necessidade e finalidade.

Antes de abrir uma conta conjunta, é essencial que o casal discuta suas expectativas, hábitos de consumo e prioridades financeiras. Para evitar prejuízos e dores de cabeça futuras, também é importante fazer uma organização prévia e detalhada das contas, colocando tudo na ponta do lápis: rendimentos individuais e totais, investimentos atuais e futuros, gastos fixos e variáveis etc.

Para alguns, pode ser benéfico combinar uma conta conjunta para despesas compartilhadas com contas separadas para gastos pessoais, proporcionando um equilíbrio entre transparência e autonomia.

Confira a seguir algumas vantagens e desvantagens da conta conjunta.

Vantagens da conta conjunta

Gestão das finanças compartilhadas

Ter uma conta conjunta pode simplificar a administração das finanças do casal. Todas as despesas compartilhadas, como aluguel, contas de serviços públicos e mantimentos, podem ser pagas diretamente dessa conta, eliminando a necessidade de dividir e transferir dinheiro constantemente.

Transparência financeira

Uma conta conjunta promove a transparência financeira, pois ambos os parceiros têm acesso total ao saldo e às transações da conta. Isso pode ajudar a evitar desconfianças e mal-entendidos sobre como o dinheiro está sendo gasto.

Planejamento e orçamento conjunto

Com uma conta conjunta, fica mais fácil criar e seguir um orçamento familiar. Ambos podem colaborar para planejar as despesas e economizar para metas comuns, como comprar uma casa, fazer uma viagem ou construir um fundo de emergência.

Parceria e compromisso

Abrir uma conta conjunta pode simbolizar um compromisso financeiro mútuo, reforçando a parceria e a confiança no relacionamento. É uma maneira de mostrar que ambos estão dispostos a colaborar e compartilhar responsabilidades.

Desvantagens da conta conjunta

Perda de autonomia financeira

Uma das maiores desvantagens de uma conta conjunta é a perda de autonomia financeira. Cada parceiro pode sentir que tem menos controle sobre suas próprias finanças, o que pode levar a sentimentos de frustração ou dependência.

Risco de conflitos

A gestão conjunta de finanças pode levar a conflitos, especialmente se os parceiros tiverem diferentes hábitos de consumo ou prioridades financeiras. Pequenas despesas podem se tornar grandes fontes de desentendimento.

Responsabilidade compartilhada

Com uma conta conjunta, ambos os parceiros são igualmente responsáveis pelas dívidas e descobertos. Se um dos parceiros fizer uma despesa excessiva ou irresponsável, o outro também será afetado.

Dificuldade de dividir finanças em caso de separação

Em caso de separação ou divórcio, fazer a divisão das finanças pode ser complicado e emocionalmente desgastante. Decidir como dividir o dinheiro e as responsabilidades financeiras pode ser um processo difícil e demorado.

Falta de privacidade

Uma conta conjunta significa que todas as transações financeiras são visíveis para ambos os parceiros. Isso pode ser um problema se um dos parceiros valoriza sua privacidade financeira e prefere manter certos gastos em sigilo.