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Educação financeira na infância

Como plantar nas crianças a semente de uma relação saudável com o dinheiro

Você costuma falar sobre dinheiro com seus filhos ou com as crianças com quem convive? Elas participam das decisões de compra da família? Sabem quanto você ganha ou qual a sua renda familiar? Ou você é do time que acredita que dinheiro não é coisa de criança e que seu filho ainda é muito novo para se preocupar com isso?

A educação financeira é uma trilha que pode – e deve – ser iniciada ainda nos primeiros anos de vida. É sobre esse assunto que te convidamos a refletir no artigo de hoje. Afinal, é durante a infância que são desenvolvidas as habilidades e capacidades a serem usadas lá na frente. E é por essa razão que os especialistas da área são unânimes em afirmar: quanto mais tarde as crianças começam a lidar com as finanças, mais doloroso será esse aprendizado na vida adulta.

Qual a importância de estimular a consciência financeira nos pequenos?

Bons hábitos são construídos desde cedo. Já em nossos primeiros anos, somos influenciados por tendências de comportamento que irão moldar a forma como lidamos com o mundo pelo resto da vida. Na maioria das vezes, essas tendências refletem uma sociedade que não somente reconhece no consumo uma forma de felicidade instantânea, como também não aprendeu a usar com inteligência e sabedoria os próprios recursos. Ou seja, uma sociedade que ainda engatinha no processo de desenvolver uma relação saudável com o dinheiro.

Educar nossas crianças financeiramente é plantar uma semente que dará frutos durante toda uma vida. Afinal, como qualquer outro hábito, nossos padrões de comportamento em relação ao dinheiro estão em processo de construção contínua, que somente se consolida ao longo do tempo e pela repetição. Ou seja, tudo o que reproduzimos na vida adulta é, em maior ou menor grau, um reflexo do que aprendemos na infância.

Quais os benefícios da educação financeira na infância?

Segundo pesquisa Ibope Inteligência encomendada pelo C6 Bank, somente 21% dos brasileiros das classes A, B e C com acesso à internet tiveram acesso à educação financeira durante a infância. O levantamento mostra que 38% dos entrevistados aprenderam noções de educação financeira na adolescência (dos 12 aos 17 anos de idade). Já 27% tiveram contato com o assunto apenas na juventude (ou seja, dos 17 aos 24 anos). Por fim, 14% só aprenderam finanças pessoais na fase adulta (acima dos 25 anos).

Talvez você ainda não tenha se dado conta disso, mas a dificuldade que muitos de nós temos para desenvolver disciplina e organização financeira está quase sempre relacionada a uma causa mais simples do que parece: falta de costume, ou de familiaridade. É por essa razão que os olhares da sociedade se voltam cada vez mais para a importância da educação financeira na infância.

A conscientização de que essa prática começa em casa, com a introdução de atividades lúdicas, que introduzam as crianças nesse universo de forma leve, porém com seriedade e comprometimento, é determinante para a formação de adultos aptos a manter uma relação saudável e responsável com as finanças pessoais. É assim que seremos capazes de transmitir lições que serão levadas para a vida toda.

Além disso, com educação financeira, as crianças compreendem com mais facilidade que não basta ir ao caixa eletrônico ou usar o cartão de crédito para ter dinheiro ou algum objeto de consumo. Passam também a entender a necessidade de pesquisar preços e de estipular limites de gastos mensais.

Estimular o consumo consciente é um dos aspectos mais valiosos da educação financeira na infância. Quando entendem os sacrifícios envolvidos em juntar dinheiro e sentem na pele o trabalho que dá para montar uma poupança, por exemplo, nossos pequenos pouco a pouco aprendem a fazer escolhas de consumo mais conscientes. Ou seja, a investir no que realmente importa. Organização, autonomia e autoconfiança são apenas algumas das habilidades que eles irão desenvolver nesse rico processo de aprendizagem.

Veja aqui algumas dicas valiosas para envolver seus filhos no orçamento familiar por meio de comportamentos e atividades a serem incorporadas na sua rotina e comece já a plantar bons hábitos financeiros nos seus pequenos.

Quanto vale?

Nem sempre é fácil demonstrar a uma criança o valor do dinheiro. Simplesmente dizer que “dinheiro não dá em árvore” provavelmente não vai funcionar. O importante mesmo é demonstrar na prática: como o dinheiro na conta tem limite, é necessário fazer escolhas. Por exemplo: prefere ir ao cinema ou tomar sorvete?

Brincadeiras

Incorpore noções de finanças às brincadeiras.  Que tal, por exemplo, brincar de supermercado? Precifique os produtos, fabrique notas de papel e simule formas de pagamento. Nada melhor do que aprender brincando!

Decisões financeiras

Estamos sempre tomando decisões financeiras em família, mas raramente incluímos nossos filhos nas discussões. Procure envolver os pequenos nas decisões de compra do dia a dia. Por exemplo, instigue-os no supermercado: “Será que esse produto vale isso mesmo?” “Tem outro mais barato?”

Mesada

A boa e velha mesada é uma excelente forma de incutir nas crianças a noção de gerenciamento do dinheiro. Além de estipular um valor e uma data para o recebimento, vale um estímulo à forma de usar (ou poupar) a quantia recebida. Dica: para as crianças mais novas, melhor adaptar o formato para “semanada” ou “quinzenada”.

Cofrinho

Aproveite que já introduziu a mesada para também ensinar a poupar, adiando prazeres para atingir um objetivo futuro. Uma ótima forma de fazer isso é usar o cofrinho. Poucas coisas dão mais satisfação a uma criança do que comprar algo que ela queria muito com o dinheiro que ela mesma juntou!

Exemplo em casa

Antes de querer educar nossos filhos no plano financeiro, é importante fazer uma revisão honesta de nossos próprios hábitos. Estamos tendo controle sobre as nossas finanças? As crianças aprendem pelo exemplo. Não adianta falar que é necessário usar o dinheiro com consciência se nós mesmos não conseguimos fazer isso.

Entendemos que ensinar as crianças a lidar com dinheiro, a partir das noções básicas, é o primeiro passo para que elas sejam capazes de gerir as próprias finanças de modo mais equilibrado no futuro.